O Mosteiro

Fundado pela primeira vez, no final do século XIII (13 de Abril de 1283), por Dona Mor Dias, dama da nobreza, o Mosteiro foi refundado no século XIV (10 de Abril de 1314), por Isabel de Aragão que, após enviuvar do rei D. Dinis, manifestou o desejo de ali ser sepultada.  

As ruínas de Santa Clara-a-Velha de Coimbra compreendem, para além da magnífica igreja com características muito peculiares, um claustro com dimensões monumentais, que o tornam no maior claustro gótico conhecido em Portugal.

Junto à cerca, a Rainha Isabel de Aragão mandou construir um Paço onde viveu. Foi também aqui que D. Inês de Castro foi assassinada a mando de D. Afonso IV.

A proximidade do rio foi um dos fatores para a edificação neste local. Contudo, essa proximidade marcou a história do Mosteiro desde o seu início até aos dias de hoje. Se por um lado, a presença da água era uma mais-valia para a comunidade monástica e para o dia a dia no Paço Real, construído nas imediações do Mosteiro, por outro, as cheias cíclicas do Mondego, tornaram insuportável a vida intramuros obrigando ao abandono definitivo, em 1677, para o novo convento (Mosteiro de Santa Clara-a-Nova) no Monte da Esperança.

As últimas cheias ocorreram em dezembro de 2019.

Durante a realização do projeto de recuperação e de valorização do monumento, a partir dos anos 90 do século XX, foram detetadas estruturas arquitetónicas góticas em bom estado de conservação que requereram uma campanha arqueológica vindo desvendar um vasto, variado e riquíssimo espólio.

Este espólio, em exposição no Centro Interpretativo do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, aberto ao público em 18 de Abril de 2009, retrata o quotidiano da comunidade monástica que aqui viveu.

 

 

A IGREJA

A igreja de grandes dimensões, que combina a robustez românica com a verticalidade gótica, teve como mestres-construtores Domingos Domingues e Estêvão Domingues.

O templo, em estilo gótico de transição, foi erigido com o espaço interno dividido em três naves e sete tramos, sem transepto, com uma parede central a separar a zona  do coro da igreja. O acesso ao coro era restrito às clarissas.

Dedicada a Santa Clara e a Santa Isabel de Hungria, a igreja monástica feminina, foi sagrada em 1330, tendo sofrido as primeiras modificações no ano seguinte, após inesperada invasão das águas do Mondego. Por ordem da Rainha D. Isabel foi construído um piso sobrelevado que se estendia entre a igreja e o coro das religiosas.

 

 

 

O CLAUSTRO

As escavações arqueológicas (a partir do ano de 1995) em Santa Clara-a-Velha desvendaram as ruínas do Mosteiro que compreendem, além da Igreja, um Claustro com dimensões monumentais, que o tornam no maior claustro gótico conhecido em Portugal.

O conjunto monástico organiza-se e articula-se em redor do Claustro, espaço onde as monjas circulavam, oravam e meditavam. No pátio, um tanque ligado a quatro fontes e diversas floreiras procurava evocar os quatro rios e os jardins do Paraíso.

A campanha arqueológica permitiu identificar algumas dependências que habitualmente se desenvolviam em torno do pátio central do Claustro, nomeadamente a “Sala do Capítulo, o Lavabo ou lavatorium, a “Sala de Profundis,  o Refeitório e o Dormitório.

 

A EXPOSIÇÃO PERMANENTE

Freiras e Donas de Santa Clara: Arqueologia da Clausura

A exposição permanente “Freiras e Donas de Santa Clara: Arqueologia da Clausura” apresenta parte do espólio recuperado no âmbito das escavações arqueológicas efetuadas no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, de 1995 a 2000.

Organizada em sete áreas temáticas - Fundação, Devoção, Comunidade, Afazeres, Administração, Alimentação, Corpo e Morte - a exposição mostra diversos testemunhos materiais da vivência quotidiana no Mosteiro, no período compreendido entre os séculos XIV e XVII.